segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O MERCADO DA MÚSICA NO BRASIL


Minha opinião talvez seja irrelevante. Se eu soubesse exatamente o que fazer para alcançar o ‘topo’ quem lá estaria seríamos NÓS e não ELES. Mas o que vou dizer é o que vivencio hoje e o que vivi nesses vários anos de luta lidando com música diuturnamente.

Quase todos os dias sou interpelado em redes sociais por pessoas querendo me apresentar músicas, me pedindo opiniões sobre trabalhos artísticos, sugestões, etc. . Fico orgulhoso, procuro ouvir tudo, conversar com a galera, mas reitero: Pouco posso fazer! Se soubesse a ‘fórmula’ já a teria usado em benefício próprio. Hoje presencio o caos no mercado musical e honestamente não tenho a menor ideia de como isso possa mudar efetivamente. Há alguns anos li uma entrevista do Humberto Gessinger sobre esse tema. Ele dizia a quem estava começando a se lançar na música no Brasil para rever suas expectativas e não esperar muito desse meio. Nas entrelinhas entendi que ele sugeria levar a coisa meio como hobby e o que viesse seria lucro. Na ocasião achei que aquilo era recalque de quem já não frequentava a mídia como em outras épocas, mas hoje admito que ele estava com a razão. Atualmente eu afirmo que a coisa está pior ainda, aliás, bem pior... No fundo, quem sabe até onde podemos ir somos nós mesmos! Não existe ninguém capaz de nos demover de um sonho, de algo que sabemos que está vivo dentro de nós e que só você pressente que é possível. É essa a sensação que te sustenta através dos anos e você não tem muito mais que isso para se apegar. Quem acha que pode ‘chegar lá’ e não desistiu sabe o que estou dizendo! Mas a realidade é dura, muito dura...

Dia desses, um jovem guitarrista me perguntou insistentemente o que deveria fazer para que sua banda conseguisse mais demanda e eu, num momento complicado e de modo abrupto, disse algo duro de se ouvir: ‘Venda sua guitarra e vá fazer outra coisa’. Espero que ele não tenha me levado a sério. Senão a coisa morre de vez... Cada um tem que saber até onde pode ir e não cabe a mim opinar nessa questão. Efetivamente, não há muito o quê se fazer na atual circunstância. Vivemos à espera de milagres e eles às vezes batem à nossa porta quando menos esperamos. E isso acontece de vez em quando, lhes asseguro. Existem momentos mágicos em que tudo sai da sua mão e parece obedecer a uma lógica invisível e inexplicável. Devemos estar preparados! Mas, via de regra, é o trabalho, o suor, a garra e às vezes o talento, que realmente fazem a diferença. Para quem, ainda assim, quer o meu ‘conselho’, digo: Busque, não espere! Trabalhe, não se iluda! Persista, não pare um minuto sequer. Quem sabe?!

AS ENGRENAGENS DO MAL

O meio artístico, assim como o futebolístico e o político, é um antro de picaretagem sem fim. Bom seria se o que importasse fosse apenas a arte em si, mas esse desejo é de uma ingenuidade letal. A maioria absoluta das pessoas envolvidas nesse meio já foram contaminadas pelo veneno que parece ser a característica natural de ambientes onde o poder, os egos e o dinheiro são fatores proeminentes. Boas pessoas são minoria, mas também existem e quando elas cruzarem sua trajetória, guarde-as! Considere isso um prêmio, uma benção e jamais se afaste delas. São elas que propiciam as grandes viradas de jogo. Essas boas almas não são tão apegadas às questões rasteiras como a maioria é... Tem um momento em que você não consegue mais seguir em frente por seus próprios meios e se nesse instante alguém ‘do bem’ resolver te estender a mão, considere-se uma pessoa de sorte. Nessas horas o invisível atua... Amigo é a palavra que você mais ouve, mas amizade é o que você menos vê. Portanto, se você conseguir construir relações leais e elevadas, seu fardo será um pouco mais leve.

Antigamente quem alimentava o mercado da música eram as gravadoras. Não eram (e não são) nada ‘santas’, mas ali existiam diretores artísticos comprometidos SIM com a possibilidade de um bom retorno financeiro para a empresa, mas também com um nome ‘artístico’ a zelar. Ou seja, o camarada não colocava qualquer porcaria para tocar no rádio, pois ele queria manter o status de descobridor de talentos reais que propiciariam lucros para a empresa e ainda trazer mais credibilidade para ele mesmo e para as ações comerciais/estratégicas das gravadoras. Não podemos esquecer que isso é um negócio como outro qualquer e todos tem que pagar suas contas. Não é esse o problema! O meio musical não é e nunca foi nada filantrópico e nem tem que ser. Mas quem reclamava da época em que as gravadoras gerenciavam o esquema musical brasileiro hoje deve estar tão assustado quanto eu.

Após a ‘falência’ das gravadoras nacionais e multinacionais pelos motivos sabidos (pirataria, caos virtual, queda vertiginosa nas vendas de CDs, etc.) e pelos motivos ‘ignorados’ (gestão incompetente e fanfarrista, preguiça em descobrir novas estratégias comerciais, acomodação executiva, etc.) surgiu uma enorme lacuna nesse mercado. Alguém tinha que preenchê-la... Eis que surgem os ‘empresários’!

OS EMPRESÁRIOS E A MÚSICA

Os maiores astros do mundo da música, em parte, foram construídos graças aos empresários visionários e competentes. Competente não quer dizer ‘bonzinho’... Mas o compromisso número 1 do empresário é o lucro. É errado isso? NÃO! Se amanhã a modalidade ‘assassinato ao vivo musicado’ começar a gerar bons dividendos o empresariado vai conseguir empurrar isso goela abaixo da massa. Exageros à parte, o empresário musical quase sempre não está nem aí para a qualidade do produto que ele quer vender. Ele quer é vender, exaurir ‘aquilo’ até onde for possível e ponto final. Meus cumprimentos aos empresários que ao menos vislumbram algo lucrativo antes dos outros e trabalham honestamente. Isso porque, a maioria destes que atuam na área musical, se concentram apenas na repetição de fórmulas e isso sim é um ‘desserviço’ cultural à sociedade.  Mas...

Com a lacuna deixada pela ‘falência’ das gravadoras, os empresários e escritórios musicais entraram de sola nesse mercado. As rádios (que são as principais mídias da engrenagem musical) perderam os ‘benefícios’ propiciados anteriormente pelas gravadoras atualmente quebradas e foram ‘adotadas’ pelos empresários/escritórios particulares. Se antes havia um diretor artístico de gravadora para filtrar ‘um pouco’ o que iria às prateleiras das lojas de discos, agora quem toca nas grandes redes de rádio é quem tem o combustível ($) para lá estar. Ou seja, o empresário, através de sua influência e poderio econômico (algumas vezes de origem duvidosa...), põe o seu artista na mídia (que em geral segue o mesmo trâmite das rádios), seja ele talentoso ou não. Aí o lema da atualidade é o seguinte: SALVE-SE QUEM PUDER!

Na verdade, todo esse processo é discutível em sua base, pois se os principais canais de mídia (rádios, TVs, etc.) são concessões governamentais, teriam que ser mais democráticos. Música virou anúncio, propaganda e os espaços na mídia são vendidos como tal. É óbvio que não são todos os meios que se portam de maneira tão voraz. Ainda vemos coordenadores e donos de rádios com comprometimento com a qualidade e de bom senso. O problema é que com a lavagem cerebral imposta à massa, as próprias pessoas, consumidores de ‘música’, o ‘respeitável público’, passam a consumir e exigir, tal como dependentes químicos, esses ‘produtos’ na mídia. Caímos todos na mesma armadilha. Tornamo-nos reféns dessa engrenagem do mal.

Nesse cenário nefasto em questão, o que não faltam são maracutaias. É comissão pra isso, uma ‘beiradinha’ pra aquilo, o amigo do fulano que tem o contato do sicrano que vai custar alguns reais. Os roubos descarados, os que se fingem de bobos... Os ‘ladrões de galinha’, os pilantras de médio porte, os tubarões que podem te destruir num piscar de olhos... Junte todas essas dificuldades à tradicional malandragem nata do brasileiro, a uma preguiça intelectual reinante e às limitações espirituais da maioria dos seres humanos e o que se apura é o CAOS!

O curioso e digno de menção, é que todas as pessoas que ajudaram EFETIVAMENTE ao Scarcéus (banda da qual faço parte como compositor e vocalista há 13 anos) com a viabilização de programas de TV de expressão, trilhas que nos possibilitaram divulgar nossa obra, parcerias de renome artístico e midiático, parcerias empresariais, execução real e permanente de nossas músicas em algumas rádios, não nos cobraram um centavo por isso. A esses idealistas, o meu sincero agradecimento!

QUAL É O SOM DO BRASIL?

Do ano de 2005 (talvez um pouco antes) até hoje, com as gravadoras falidas e os canais midiáticos do mercado musical sem as mamatas dos tempos das vacas gordas, surgem avassaladoramente os grandes escritórios e empresários do SEGMENTO POPULAR para ‘adotar’ esse dito mercado da música no Brasil.

O Brasil, inegavelmente, evoluiu social e economicamente na última década, o que fez com que a histórica diferença entre ricos e pobres fosse atenuada. O que é louvável. De maneira resumida, se excluirmos 10% da população brasileira ‘rica’ (que vive uma realidade quase paralela, com outros anseios e oportunidades.) e 10% da população brasileira ‘pobre’ (cujo foco, infelizmente, se resume em sobreviver.) temos um público de 160 milhões de pessoas se esbarrando por aí... Consumindo mais ou menos as mesmas coisas, indo a lugares que se equiparam, com expectativas semelhantes. Essa massificação tornou o Brasil mais homogêneo, mas fez com que o nível médio cultural geral diminuísse justamente numa época em que estilos até então ignorados pela classe média se tornassem a última MODA. Essa oportunidade não passou em branco para empresários e artistas ‘populares’ que, com uma estratégia agressiva e competente, conquistaram o coração e a mente da maioria absoluta da população brasileira.

Quem hoje for aos shows de primeira linha da música sertaneja, do axé, do pagode, do forró, assistirá a eventos de produção de nível internacional. Antigamente a qualidade ‘estrutural’ era premissa dos eventos de rock! Atualmente não. Gostem ou não, o segmento popular é hoje quem dá as cartas nesse business.

Não adianta empunhar a guitarra com rancor e berrar ao microfone em shows de quermesse para meia dúzia de pessoas que ‘o rock´n roll é que é inteligente’ e quem sobrou é idiota. MENTIRA! Quem frequenta essas festas populares atualmente são engenheiros, médicos, juízes, dentistas, formadores de opinião, os próprios artistas... As pessoas, de modo geral, querem se divertir, entreter-se! Hoje em dia, essas respeitáveis pessoas (não estou sendo irônico), após tomarem umas e outras, dançam o tal do arrocha (um subgênero do forró misturado ao tecnobrega) sem o menor constrangimento. De certa forma, o Brasil se assumiu popular.

O Brasil, por sua pluralidade racial e cultural, merece SIM ser mais democrático musicalmente, pois nosso povo está propenso a gostar de qualquer coisa. Não apenas no sentido negativo de ‘qualquer coisa’, mas no fato de não ter preconceito em conhecer novas propostas musicais e artísticas. Mas isso tem que chegar ao público, senão... Quem se arrisca a dizer qual seria O SOM genuinamente brasileiro? Ou alguém acha que o país que gerou ‘A Jovem Guarda’ do Roberto Carlos, Raul Seixas, Os Mutantes, Renato Russo e sua ‘Legião Urbana’, Cazuza, Sepultura, Nação Zumbi, O Rappa e tantos outros grandes talentos dessa vertente musical, não pode ser considerado também o país do POP, do rock...

Nenhum estilo musical é superior ideológica e artisticamente a outro. O que existem são preferências! Mas preferências podem ser incitadas. Através da educação, da cultura, da diversidade, da MÍDIA...

Talvez seja um exagero cobrar uma postura cultural mais inteligente de uma população que sempre viveu à margem num país que nunca se importou muito com os seus. Mesmo não querendo, a gente acaba falando de política. O gosto da massa, por vezes sábio, às vezes duvidoso, é a vingança contra quem sempre lhe virou às costas.

O mercado musical muda de tempos em tempos, mas não devemos esperar mudanças drásticas. Estamos quase à espera de um milagre.

MAS E O ROCK? COMO É QUE FICA?

Como disse no início, sei lá...

Tem gente que acha que a solução é se meter dentro de guetos para um público ‘selecionado’. Respeito essa postura, mas pra mim não basta. Ficar tocando cover em bar de rock com neguinho chapado gritando ‘Ozzy’, ‘Iron’, ‘System’, ‘AC/DC’ e mesmo ‘Raul’, já encheu o saco! Adoro esses artistas (são ícones e meus ídolos) e frequento esporadicamente esses ‘inferninhos’, mas, se não houver música autoral na parada, o futuro é ainda mais negro. Aliás, acho quase esquizofrênico o sujeito ter uma banda cover dos ‘Bs’, imitar os tiques dos ‘Bs’, ter os mesmos instrumentos dos ‘Bs’, o mesmo cabelo dos ‘Bs’ e se vangloriar de ser o melhor cover dos ‘Bs’ de sua cidade. Isso é ‘autoanulação’! Para celebrar os ‘Bs’ é só colocar um cd (ou um vinil.) pra tocar, pois a obra dos ‘Bs’ é eterna! Mas os ‘Bs’ não vão mais voltar... Que surjam novos ‘Bs’! O cover pode servir para que as pessoas associem uma proposta nova a um artista que elas já conhecem. Versões e adaptações são uma boa forma de mostrar seu estilo para o público. Até porque, se você tem a chance de se apresentar numa exposição agropecuária no interior do Brasil para 10 mil pessoas e toca um repertório inteiro de inéditas, vai todo mundo embora pra casa, por melhor que seja o seu som. Nem a Ivete Sangalo toca só inéditas em seus shows... Tem que ficar atento com esse tipo de coisa. O radicalismo é contraproducente.

Outra coisa... O ‘rockeiro brasileiro’ é, em grande parte, preconceituoso. Não que o camarada tenha que engolir qualquer lixo, mas é só alguém começar a cantar em português que ele começa a se contorcer todo. Ele mete o pau em tudo, diz que falar de assuntos ‘delicados’ como AMOR é brega, mas quando quer transar com alguém fora de sua tribo grava aquela coletânea LOVE METAL, repleta de ‘Love ’ para sua possível vítima e acha o máximo! Ou seja, ‘Eu te amo’ não pode, mas ‘I Love you’ pode.

Vão me dizer também que não surgiu ninguém no Pop/Rock nos últimos anos no Brasil... Fato! Mas surgir como? A grande mídia está alugada para outros gêneros. Algumas novas bandas foram meio que apadrinhadas pela crítica especializada, mas de tão cults, não alcançam os entremeios da real vida musical nacional. Quando não são ‘intelectuais’ cuja música tem aura de projeto paralelo, são ‘pós-adolescentes’ barulhentos (no sentido técnico) com 30 pedais, mas que não aprenderam ainda a tocar e a cantar afinado. Aí o povão assusta! rs... Vão me dizer que o rock não é pro povão... Como assim? Experimente tocar uma versão de um hit dos Raimundos e veja se a massa não vem abaixo! Se o rock até pouco tempo atrás era POPular talvez um dia possa voltar a ser.

Tenho visto algumas bandas consagradas do pop-rock nacional reclamarem da atual situação. Não deveriam! Várias destas foram a última geração de bandas financiada pelas ‘majors’. A retração do mercado pop se deve, em parte, à postura dessas bandas que não souberam ou não quiseram fazer com que o público para esse estilo crescesse. Ficaram olhando para o próprio umbigo e não pensaram corporativamente... Quem já tentou ‘abrir’ shows dessas bandas sabe do que estou falando. Em tese, se vários grupos do seu segmento obtém sucesso, o seu mercado tende a aumentar. Então, dar uma força para quem está começando não é só altruísmo, é estratégia de mercado! Mas aí surgem os egos... O ‘astro do rock’ parece ter o ego ainda mais inflado que as demais estrelas. E toda arrogância será castigada...

A MTV, que por muito tempo ditou as regras da cena pop no Brasil, e que poderia funcionar como uma alternativa numa época de ‘trevas’, resolveu dificultar ainda mais o processo se afastando abissalmente do que pode ser considerado viável em termos de música no Brasil. Tanto que outras ‘emissoras musicais’ que se mostraram mais sensíveis ao que acontece de fato no país, passaram a ter mais relevância nesse meio. Se você liga a TV na MTV e olha pela janela da sua casa notará uma completa desconexão entre as partes... Com aquelas ‘figuras’ e sua programação interplanetária, a emissora parece querer se afastar irremediavelmente da realidade cultural e mercadológica do Brasil. Na minha opinião, essa postura irônica baseada no ‘stand up’ e programas cheios de blá,blá,blá são uma tortura e me parece que foi justamente onde a MTV tentou entrar mais em sintonia com o que está acontecendo (de ruim) nas TVs abertas. Esse modelo estilo ‘Pânico na TV’ é ultrapassado, repetitivo e as músicas desapareceram até do antes badalado Top 10 da emissora (a música quase nunca rola por inteiro...). Agora parece que compraram a briga do RAP... Vamos ver o que acontece. A vanguarda e o romantismo são louváveis, mas ignorar a maior parte da realidade musical nacional é burrice. As pessoas que estão enfurnadas nas grandes metrópoles brasileiras e que podem fazer algo PRECISAM tirar esses ‘traseiros refrigerados’ de seus escritórios às moscas e reconhecer que nós não estamos na Europa e nem nunca estaremos. Existe um país gigantesco fora das capitais doidinho para gostar de alguma coisa bacana, sem apelações. Movimentem-se ou morram.

A cena alternativa não basta. É vangloriada por alguns, mas a ‘panelinha’ também rola solta e com um agravante: Sem dinheiro! Quem não tiver papai rico tá fodido (quase sempre)! Os grandes festivais são uma boa maneira de se chamar a atenção novamente para o gênero, mas essa estratégia de priorizar ‘bandas gringas cabeça’ que nem em seus próprios países são relevantes não ganham eco por aqui. É por isso que quando o Rock in Rio se dispõe a abrir espaço para outras tendências deve ser parabenizado. É uma ótima sacada! Contextualizar novamente o rock em meio à cena musical e mercadológica do país é uma maneira de fazer com o que o grande público se atente para outras possibilidades devido à repercussão que essa ‘marca’ tem. A galera do metal não aprova a ideia... Tudo bem! Que compareça só nos dias de suas atrações preferidas.   

Muito se fala que a internet é a salvação da música... Eu não acho. A internet é apenas uma ferramenta que pode ser usada de maneira útil. A banda tem que ser real! Virtualmente a gente vê todo dia um novo popstar que não faz show em lugar nenhum. Os números de views no youtube e vários outros indicativos de ‘sucesso’ na rede mundial podem ser forjados... Raramente alguns desses fenômenos virtuais eventuais conseguem dar sequência na carreira. Essas fórmulas mirabolantes são tiros nos pés. E outra, tem que saber tocar ao vivo, ok? Em estúdio, com as possibilidades atuais, qualquer um pode ser ‘virtuose’.

Darei exemplos de estratégias bem sucedidas... Se você vai passar férias no litoral da Bahia, dezenas, centenas de barraquinhas e ambulantes vendem coletâneas variadas de Axé Music. Dizem alguns que várias dessas bandas e artistas, até de renome, se ‘autopirateiam’ com o intuito de lucrar mais (é óbvio!), mas também de divulgar seus lançamentos para o resto do país. Resultado: Hoje em dia as ‘micaretas’ acontecem no Brasil inteiro, o ano inteiro. Se você tenta comprar um show do artista sertanejo do momento, o escritório dele quase te obriga a levar mais uma ou duas atrações do mesmo grupo empresarial. Aí o mercado cresce... Parabéns pra eles!

Se a base de tudo é o equilíbrio, por que não tentar aplicar essa filosofia no pop, no rock? Talvez seja utopia, mas é o que me resta dizer ou fazer... Quem conseguir apresentar uma proposta musical que não constranja a inteligência de quem é mais exigente, mas que também não se afaste do que o povão está preparado para consumir, poderá ser inserido nesse contexto atual de mercado, acredito eu. Acho possível algo simples (mas não medíocre...) ser absorvido por todas as tribos sem maiores sofrimentos. Afinal, algumas das melhores canções já compostas, as mais relevantes talvez, são SIMPLES. Ou quem sabe não surja alguém com uma proposta tão extravagante, tão absurda, tão politicamente incorreta que de tão improvável se torne unânime e que rompa com tudo que estamos presenciando por aqui... Algo tão imponderável quanto o gosto pessoal de cada um.

Na música, na arte, tudo pode! Aliás, quase tudo... Que seja verdade, ao menos.

O RESUMO DA ÓPERA

O artista é um misto do que esperam dele, um pouco da realidade em que vive, um pouco do que ele deseja ser e um pouco do que ele realmente é. Na verdade, nós músicos estamos à distância de uma canção para realizarmos todos os nossos sonhos.  Algo que vá fazer a luta de toda uma vida valer a pena. Temos que nos agarrar a isso, pois senão tudo estará perdido para sempre. Se vamos ficar famosos ou ricos, é outra história. Se você conseguir fazer com que suas ideias alcancem as pessoas, a saga terá valido a pena. Sejam mil ou 1 milhão de fãs, não importa. Seu som tem que convencê-los! A única (grande) diferença causada pelo número de admiradores é sua conta bancária... rs. Pois a inteiração com público satisfaz do mesmo jeito e traz sentido à vida de quem lida nessa seara, seja ele de que tamanho for.

Não que sejam justificáveis todos esses chiliques de artistas famosos, mas as pessoas em geral não tem a menor ideia do que seus ídolos passam e passaram para chegar onde estão... Tanto os astros super conhecidos quanto os meros mortais são submetidos a um massacre psicológico permanente e é preciso ter estômago para ‘segurar a peteca’! Todo dia é uma rasteira, uma bola nas costas, uma picaretagem... O meio musical e tudo que o cerca é insano e fugaz. O público te eleva a alturas inimagináveis, mas também sabe ser cruel... Hoje entendo (embora não concorde) porque neguinho joga TV pela janela de hotel ou porque às vezes reage mal a determinadas interpelações... Quando tudo vai bem o que não faltam são sanguessugas, tapinhas nas costas e os ‘papagaios de pirata’ para puxar seu saco. Mas quando o ‘bicho pega’ é que você sabe com quem pode contar e são poucos... Acreditem, é quase um clichê, mas por trás dos personagens existem pessoas. Se o sujeito ‘chegou lá’ artisticamente, por pior que possa parecer, ele deve ter merecido.

Você, quando opta pela carreira musical, não imagina que a música é apenas a ponta do iceberg. Se realmente quer viver do seu som, aprenda a ser empresário, relações públicas, a se fazer de bobo, cego, surdo, burro... Infelizmente, às vezes a música é o que menos importa e quando você percebe isso a decepção é indescritível! Mas a gente, quando quer muito, se adapta. Não totalmente... Mas dá pra ir levando. Só não sei até onde, até quando... Se você, em algum momento, não tiver a absoluta certeza de que seu caminho é a carreira musical, nem entre nesse jogo. Para ter algumas horas de felicidade no palco você tem anos de pancadaria fora dele.

Mas será que vale a pena? VALE! Qualquer sofrimento desaparece quando as pessoas estão cantando suas músicas nos shows. É por isso que ainda estamos aqui! Quando alguém se dirige a você e diz que aquilo que você escreveu (no banheiro da sua casa...) mudou a vida dele num momento de revés, você percebe o sentido de sua própria existência. É mágico, lindo! Às vezes crianças, idosos, pessoas que eu jamais imaginaria atingir me surpreendem mostrando que entenderam meu propósito e que minha obra, da maneira mais improvável, lhes foi útil... Nessas horas a vida se enche de luz e nos municiamos da energia necessária para seguir em frente.

Nesse desfecho, permito-me colocar em voga algumas questões mais pessoais... Afirmo que procurei descrever fielmente todas as impressões sobre tudo o que minha experiência na música me ofereceu até hoje. É difícil ser totalmente isento quando se está no olho do furacão... Mas apesar de toda a dificuldade que é levar uma vida musical digna, sendo um artista de ‘pop-rock’ (inclusive o próprio termo é inconclusivo) na atual condição em que o mercado musical brasileiro se encontra, este artista acaba encontrando, bem lá no fundo, resquícios de otimismo... Quem não teve o sonho de mudar o mundo com sua música que me atire a primeira pedra! O resumo da ópera alguém já disse em algum lugar: Nós não precisamos de muito... Nós precisamos, nós merecemos um pouco MAIS.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O ESPORTE, O PAÍS ... E A VIDA!


Inevitável não falar das olimpíadas, independente da repercussão de nossas opiniões. Sejamos francos: o Brasil ainda está muito distante de ser uma potência olímpica. Este crescimento do nosso número de medalhas não disfarça a desorganização histórica com que foi tratado o esporte brasileiro em termos gerais desde sempre.

Esse ‘oba oba’ econômico ainda não chegou efetivamente pra mim... E pra você? Você se sente mais seguro? Mais resguardado socialmente, no que se refere à saúde, educação, infra-estrutura, cultura? No que diz respeito às questões mais básicas que envolvem o bem estar da população de qualquer nação, ainda somos um fiasco.

Falando de esporte, se ‘você’ é a sexta economia do mundo, porquê não fica ao menos entre os 10 primeiros colocados nas olimpíadas? Com 200 milhões de habitantes... E com DNA de todas as raças presentes em ‘seu’ povo! Digo isso pois alguns estudos mostram que cada raça tem predisposição para determinadas atividades físicas de acordo com sua fisiologia. O Brasil tem todas elas em seus ‘quadros’... É o benefício da miscigenação que somos incompetentes para aproveitar. Normal. Vários dos nossos melhores resultados nessas competições eu atribuo ao esforço individual de cada atleta, à sua vontade e determinação. À estes eu rendo minhas sinceras homenagens. Aos ‘Esquivas, Yanes e Saras’ da vida, esportistas brasileiros dedicados e competentes que apesar do descaso de seus comandantes conseguiram ótimos resultados, os meus parabéns!

Justiça seja feita, o vôlei brasileiro está entre os primeiros há quase duas décadas e merece nosso aplauso. Um ‘alguém’ competente deve ter passado por lá... O Judô sempre obteve bons resultados também e os centros de excelência de natação e ginástica olímpica já nos trouxeram alguns avanços... Mas ainda é muito pouco! Há que se ressaltar também o crescimento do boxe brasileiro constatado em Londres.

Sou leigo mas não sou burro! Quer nadar bem? Copie os EUA. Quer ter bons resultados em provas de fundo no atletismo? Copie os africanos. Quer medalhas no ping-pong? Copie os asiáticos... Quer ter resultados representativos no atletismo, copie quem sempre está na frente! É o óbvio! O atletismo brasileiro foi constrangedor nessas últimas olimpíadas... O basquete também tem que se explicar... Aliás, muitos tem que se explicar pelos vacilos em Londres e as bobeadas de sempre!

Outra coisa, não confundam esporte de alto rendimento com atividades de recuperação social de indivíduos. O esporte como ‘instrumento’ para inserção e recuperação social é muito bem vindo, assim como a arte, inclusive podemos revelar alguns atletas e artistas, salvando ainda muita gente de caminhos errados. Isso é importante e deve ser fomentado sim! Beleza. Mas para ganhar MEDALHAS NAS OLIMPÍADAS devem ser descobertos os melhores, deve haver investimento nos melhores, devemos cobrar dos melhores. Sejam eles pobres ou ricos, brancos ou negros, bonitos ou feios... Temos que descobrir atletas com potencial. Investimento financeiro, tecnologia, organização, psicologia, competência... ‘Fulano’ tem que aprender a ganhar!!! Vamos parar com essa ‘batucada chinfrim’ e vamos nos concentrar de forma adequada! Vamos parar com essa choradeira e desculpas e vamos em busca do 1° lugar porque essas justificativas de que a “história de vida do ‘ciclano’ já é uma vitória” já encheu o saco e periga se tornar desculpa de perdedor. Na hora do ‘sacode’ tem que ter ‘sangue nos olhos’ senão vai ficar pra trás dos gringos eternamente... Temos que nos acostumar com as vitórias quando o assunto é competição esportiva de alto nível, ok? Respeito a religião, as crenças de cada um mas na hora H não adianta ficar se benzendo a todo momento se você não trabalhou o suficiente. Deus te dá o dom mas o esforço é seu! O trabalho é seu e tem que ser árduo! Ou você acha que Deus pensou o seguinte: ‘Vou dar o 1° lugar nas olimpíadas para os EUA, o 2° para a China, o 3° para a Grã- Bretanha...’ e aí por diante... Logo pra eles? Deus tem coisa mais importante pra fazer!

E o dinheiro pra investir? Tem de sobra! É só diminuir, vejam bem, DIMINUIR a bandalheira, que sobra uma ‘beirada’ para o esporte, a educação, a saúde... Não sou de modo algum contrário à copa e às olimpíadas no Brasil. É SIM uma grande oportunidade que pode e deve ser aproveitada para melhorar vários segmentos do país. Quem sabe o medo da vergonha à que seremos expostos se esses eventos forem um ‘mico’ do tamanho do King-Kong não seja o ‘incentivo’ que nossos governantes precisam para tomar algumas atitudes mais dignas... Perdoem-me alguns, mas jamais torço contra meu país, NUNCA!

Para terminar, os EUA são o País do basquete? Sim, 14 medalhas de ouro nessa modalidade esportiva em Olimpíadas... O Brasil é o país do futebol??? Rs... Fora Mano.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

EU E O ROCK... O ROCK E EU...

Os melhores discos do ‘pop rock nacional’!

De vez em quando a gente vê algumas listas por aí e é o tipo de coisa que nos deixa curiosos... Resolvi listar os álbuns que marcaram a minha vida, pessoal e musical, e que considero alguns dos mais importantes em termos gerais na música brasileira. Aproveitando esse que é o mês do rock... Celebremos!

1 - Legião Urbana - ‘DOIS’ > Cheguei a ficar em dúvida entre esse e ‘AS QUATRO ESTAÇÕES’. Mas o arrebatamento que músicas como ‘Tempo Perdido’, ‘Quase sem querer’, ‘Eduardo e Mônica’, entre outras obras primas, me proporcionaram, é algo que até hoje não consigo entender direito. O que foi aquilo? Tive a chance de tocar num evento com o Marcelo Bonfá, baterista da ‘Legião’, e confesso: me emocionei.

2 - Titãs - ‘CABEÇA DINOSSAURO’ > Polêmico, agressivo, cru, inteligente e cheio de guitarra! Rock nacional na essência do termo. Sem mais.

3 - RPM - ‘RÁDIO PIRATA ao Vivo’ > O que contestar num disco que vendeu 3 milhões de cópias? ‘Olhar 43’, ‘Revoluções por minuto’, uma regravação de ‘London, London’, do Caetano Veloso, e uma turnê que mudou os parâmetros do ‘show business’ brasileiro. Paulo Ricardo é um dos grandes letristas e compositores do pop rock nacional e foi injustiçado pela crítica por ser talvez o único ‘sex symbol’ dessa geração... Genial.

4 - Ultraje à Rigor - ‘NÓS VAMOS INVADIR SUA PRAIA’ > Como fazer para emplacar um álbum só com hits? Perguntem ao Ultraje, eles conseguiram. ‘Rebelde sem causa’, ‘Ciúme’, ‘Inútil’ são verdadeiros hinos da juventude oitentista.

5 - Paralamas do Sucesso – ‘O PASSO DO LUI’ > ‘Meu erro’, ‘Óculos’, ‘Fui eu’ e ‘Romance ideal’ fazem parte desse disco... Aí eu nem discuto.

6 - Lobão – ‘VIDA BANDIDA’ > Indispensável para quem gostaria de achar uma vertente mais pesada e tensa pro rock brasileiro. O petardo ‘Vida bandida’ é um eterno clássico e o ‘Big Wolf’ é foda!

7 - Blitz – ‘RADIOATIVIDADE’ > A banda que mudou a cena pop no Brasil não poderia ficar de fora. Esse disco é incrivelmente criativo e bem feito, talvez pela vertente teatral de seus componentes. Evandro Mesquita já foi super herói de muita gente por aí...rs.

8 - Engenheiros do Hawaii – ‘A REVOLTA DOS DÂNDIS’ > Eu tomei um pouco de birra do Humberto Gessinger pois quando eu era um adolescente super fã do cara, ele foi um perfeito babaca ao quase me negar um simples aperto de mão... Além de ótima música, os ‘Engenheiros’ me ensinaram a como não tratar um fã. Mas ‘Infinita Highway’ atenuou minha frustração: esse álbum é perfeito!

9 - Lulu Santos – ‘Lulu Acústico MTV’ > Certamente algumas das mais belas canções pop já feitas no Brasil estão nesse cd composto só por mega sucessos. Para ‘resumir’ a obra desse talentosíssimo cantor, guitarrista, compositor, ‘show man’ tinha que ser nessa ótima coletânea.

10 - Capital Inicial – ‘ACÚSTICO MTV’ > A MTV já teve extrema importância na música brasileira, quando se dispunha a DIVULGAR MÚSICA para as pessoas em termos gerais e não apenas fomentar pequenos guetos ‘cult’ ou 'teens', como hoje. A prova disso é que o Capital Inicial voltou à tona com tudo após estar quase morto, com o lançamento desse belo cd que contém o ‘resumo da ópera’ dessa que é das mais importantes bandas do pop rock nacional e que está produzindo ativamente até os dias atuais. Ótimas músicas, ótimos arranjos.

11 - Barão Vermelho – ‘NA CALADA DA NOITE’ > Eu prefiro o ‘Barão’ pós Cazuza... Vários hits neste cd, desta que talvez seja a banda de rock nacional mais legal de todos os tempos. Frejat segurou as pontas após a saída do genial Cazuza e fez mais: Se tornou um ótimo vocalista além de reconhecidamente ser um guitarrista bastante criativo. ‘O poeta está vivo’, ‘Política voz’, ‘Tão longe de tudo’, ‘A voz da chuva’... Preciso dizer mais?

12 - Skank – ‘CALANGO’ > O cd que alçou a banda ao sucesso. Marca o ressurgimento do rock nacional na década de 90 e mostra as novas tendências que as bandas pop da época começavam a procurar sem receios de agregar novos ritmos e sonoridades ao seu som. Clássico!

13 - O Rappa - ‘RAPPA MUNDI’ > Esse cd é sensacional! Até hoje soa moderno com ótimas letras, concepções, músicas... O Rappa talvez seja a última banda contestadora do mainstream brasileiro.

14 - Raimundos – ‘SÓ NO FOREVIS’ > Esse disco, além de pesado e engraçado, marcas principais do grupo, é super inteligente. A banda usou de vários artifícios para fazer com que seu som, já ‘estourado’ no meio rockeiro, chegasse às massas... E conseguiu! ‘Mulher de Fases’ tocou até em elevador, como eles mesmos previram nesse mesmo cd!

15 - Pitty – ‘ADMIRÁVEL CHIP NOVO’ > Um disco de rock perfeito! ‘Máscara’ é uma das músicas mais legais que já ouvi. A Pitty inicialmente foi 'batizada' como cantora teen erroneamente e isso fez com que sua popularidade no meio musical não fosse condizente com seu talento e importância.

16 - Jota Quest – ‘DE VOLTA AO PLANETA’ > Me lembro de ter ido à uma das edições do ‘Pop Rock Brasil', ainda no estádio Independência em BH, e quando começou a rolar ‘De volta ao planeta’, tive a impressão de que até as barracas e carros de pipoca pulavam. Catarse total! Os caras souberam mesclar bem essa onda ‘disco’ com pop/rock e criaram um estilo deles. E as baladas... bem, ‘Fácil’ talvez tenha sido a música mais tocada do ano naquela época.

17 - IRA! – ‘ACÚSTICO MTV’ > A banda que criou ‘Dias de luta’, ‘Envelheço na cidade’, ‘Flores em você’ bombou novamente devido à esse álbum. Merecidamente! Nasi e Edgar Scandurra formavam uma dupla incrivelmente talentosa e carismática. A nota de pesar foi o ‘indigno’ rompimento do grupo recentemente.

18 - Chico Sciense  & Nação Zumbi – ‘AFROCIBERDELIA’ > O disco todo é meio alternativo e as vezes de difícil audição mas ‘Maracatu atômico’ e ‘Manguetown’ mostraram ao mundo um estilo musical híbrido genuinamente brasileiro. Tem grande relevância histórica até porque o lendário Chico Sciense veio a falecer logo em seguida.

19 - Charlie Brown JR – ‘TRANSPIRAÇÃO CONTÍNUA PROLONGADA’ > O maior mérito desse cd foi fazer a ‘mulecada’ perder o medo de guitarra. Houve uma época no Brasil em que distorções estavam ‘proibidas’ e significavam fracasso comercial. Esse álbum ajudou a acabar com esse estigma. Com ótimos músicos, arranjos criativos e letras descontraídas, o Charlie Brown se tornou o maior representante dessa nova geração de bandas brasileiras.

20 - Mamonas Assassinas – ‘MAMONAS ASSASSINAS’ > Todo sucesso estrondoso provoca amor e ódio... De tão tosco esse disco é quase cult! O Mamonas acabou ficando com uma imagem meio infantil devido ao alcance que conseguiu obter, mas esse cd tem muita coisa legal. Provavelmente a maioria dos brasileiros só teve contato com bandas como ‘Rush’ e ‘The Clash’ devido à esse álbum pois rolam algumas mensagens subliminares e apropriações que remetem à essas icônicas bandas. Além disso é muito, mas muito divertido mesmo, na minha opinião. Muitos, como eu, só perceberam que gostavam do som desses caras depois que eles se foram...

O meu top 30 mundial do Rock!

Abaixo seguem algumas das músicas 'gringas' que mudaram minha vida:

1-     ‘I Love it loud’ > KISS
2-     ‘Bohemian rhapsody’ > QUEEN
3-     ‘Aces high’ > IRON MAIDEN
4-     ‘Livin on a prayer’ > BON JOVI
5-     ‘Enter sandman’ > METALLICA
6-     ‘Pour some sugar on me’ > DEF LEPPARD
7-     ‘Walk this way’ > AEROSMITH
8-     ‘Why can this be love’ > VAN HALEN
9-     ‘Now your gone’ > WHITESNAKE
10-   ‘Were not gonna take it’ > TWISTED SISTER
11-   ‘Back in black’ > AC/DC
12-   ‘Paradise city’ > GUNS’N ROSES
13-   ‘Alive’ > PEARL JAM
14-   ‘Smeels like teen spirit’ > NIRVANA
15-   ‘I wanna be somebody’ > WASP
16-   ‘In the end’ > LINKIN PARK
17-   ‘My sacrifice’ > CREED
18-   ‘BYOB’ > SYSTEM OF A DOWN
19-   ‘Other side’ > RED HOT CHILI PEPPERS
20-   ‘Stormbringer’> DEEP PURPLE
21-   ‘Man in the box’> ALICE IN CHAINS
22-   ‘Epic’ > FAITH NO MORE
23-   ‘18° and life’ > SKID ROW
24-   ‘Rock you like a hurricane’ > SCORPIONS
25-   ‘To be with you’ > Mr. BIG
26-   ‘War pigs’ > BLACK SABATH
27-   ‘Someday’ > NICKELBACK
28-   ‘Twist and shout’ > THE BEATLES
29-   ‘Stairway to heaven’ > LED ZEPPELIN
30-   ‘Have you ever seen the rain’ > CREEDENCE

Essa ordem é aleatória e poderia ter 100 músicas facilmente… Junte essas canções à lista dos álbuns ‘nacionais’ que mencionei e o resultado certamente será algo parecido com o som do Scarcéus!

Alguém vai dizer que faltou algo como o ‘VENTURA’ do Los Hermanos, que apesar de sua qualidade, não chegou ao 'povão', como os outros álbuns citados. Confesso que eu gostava mesmo era de ‘Ana Júlia’... Cazuza é genial e sua obra também é digna de menção mas eu me senti traído quando ele deixou o Barão... Cássia Eller era ‘fodassa’ mas me lembro dela muito mais como intérprete... Raul Seixas e Rita Lee vieram antes dos anos 80 e não vivi o momento deles com tanta intensidade, mas reputo à eles a ‘invenção’ desse ‘rock brasuca’! Talvez devesse falar também de Roberto e Erasmo... Muitos outros artistas tiveram bons momentos e sou grato a todos eles...

Enfim, essas são apenas as minhas listas... SAUDADE!

quinta-feira, 14 de junho de 2012

‘No pelo do macaco’... Uma paspalhada à brasileira!


O último clipe do Alexandre Pires me constrange um pouco. Não sei se é a música, a coreografia, o conceito ou a inexistência dele... Só sei que sinto aquela sensação de pum no elevador quando só estão duas pessoas no mesmo e você sabe que não foi você o autor do delito. O ‘mineirinho’ de Uberlândia é um ótimo cantor e já fez coisas ‘mais legais’, na minha opinião. Para completar o time de gosto peculiar, ‘atua’ no vídeo o craque dos gramados Neymar também vestido de macaco (a fantasia do bicho é o que parece ter gerado a polêmica...). Aliás, o menino prodígio santista é quem tem determinado os rumos dos sucessos musicais no Brasil... É o fundo do poço em termos artísticos... Ou será que dá pra afundar mais? Nenhum estilo se sobrepõe a outro em termos de qualidade, há propostas musicais boas e ruins independente da vertente musical e no Brasil, por definição cultural, tem que rolar espaço e gosto pra tudo, ou quase tudo...

Mas o principal assunto que se origina desse clipe não é a qualidade dele e sim esse disparate puritano pseudomoralista que começa a se alastrar pelo país. Está uma frescura danada, todo mundo pisando em ovos para não ser tachado de racista ou preconceituoso. Racismo é algo monstruoso, repugnante e condenável, não me entendam mal! Mas tem gente exagerando... Falam que ter ‘bumbum de negro’ é qualidade, mas ‘beiço de negro’ é racismo? Toda raça tem suas características peculiares, inexatas, e devemos nos aceitar como somos, sem preconceitos, mas também sem complexos. O cantor e compositor Lobão disse que se montasse uma banda denominada RAÇA BRANCA seria preso, e seria mesmo! Se me chamarem de ‘barrigudo’ ou ‘espinhento’ eu devo meter processo também? Imaginem: “Ana Paula Arósio exige indenização por ser chamada de branquela leite azedo”! Não soa meio ridículo? Estendendo o raciocínio: Porque a torcida ‘pode’ chamar o sujeito de bicha no estádio de futebol e na quadra de vôlei não pode??? Porque todo mundo leva as ofensas à mãe do árbitro de futebol meio na base da brincadeira, mas em outros casos envolvendo raça e orientação sexual a coisa vira uma celeuma incrível? Chamar de gato pode, mas quando surge a palavra macaco, um bicho que se assemelha muito mais ao ser humano por sua inteligência e vivacidade, vira caso de polícia... Hoje em dia ser negro ou gay ‘está na moda’ e na maioria absoluta das vezes não há motivo para estardalhaço. Na minha adolescência, quanto mais me xingavam de ‘cabeludo veado’ ou ‘maconheiro vagabundo’ mais popular eu ficava com o sexo oposto... E olha que nunca fui e não sou lá tão galã... rs. Das adversidades podemos e devemos encontrar nossas forças. Além do que, no caso do videoclipe em questão, a coisa é muito mais absurda, pois o Alexandre Pires é reconhecidamente negro!

Cotas Raciais

Reza a lenda que as tais ‘ações afirmativas’, tão em voga atualmente por aqui, são iniciativas que visam inserir determinados grupos étnicos na sociedade. Tal conceito já foi utilizado em outros países, em outras épocas e por definição é algo louvável e deve ser temporário. O Brasil adotou as cotas raciais em universidades a fim de inserir o negro de modo mais amplo no ciclo educacional e mercadológico brasileiro. Penso que essa ‘iniciativa’ é antidemocrática e discriminatória e só pode ser avaliada como útil para o país se for experimentada realmente por um determinado período... Período esse que o país levaria para propiciar uma educação de qualidade em todos os níveis para TODOS os brasileiros, sejam eles negros, índios, amarelos, pardos, brancos... Aí a disputa por vagas nas universidades e no mercado de trabalho seria mais igualitária. Mas quando se trata de Brasil, de política, de planejamento, a coisa se complica. Quem se lembra do empréstimo compulsório sobre os combustíveis? E da CPMF? Também eram pra funcionar apenas por um período e foram postergados até onde deu... E de tantos outros engodos? É claro que nossos governantes não instituíram um prazo para que as cotas raciais deixem de ser usadas! Por que? Porque teriam que minimizar a roubalheira, fazer escolas de qualidade e pagar salários justos para os professores... Aí ‘aperta’ pra eles... No meu modo de entender, cotas sociais seriam mais justas que cotas raciais. Se bem que no geral, essa ideia de cotas é algo que me incomoda um pouco, é uma sensação estranha... Imaginem se essa ‘filosofia’ for ‘aprimorada’ ainda mais... Nos restaurantes, boates, faculdades, repartições públicas, estádios, deveriam ter espaço reservado obrigatório em que percentuais para índios, gays, fumantes, deficientes, negros, brancos, vegetarianos, estudantes, espíritas ??? Somos pessoas! E salvo algumas justas ou periódicas exceções, devemos ser tratados igualitariamente, com os mesmos direitos e deveres. Isso sim é DEMOCRACIA!

A escravidão foi uma chaga histórica na humanidade e não segregou apenas negros através dos tempos. Em algumas partes do mundo ainda precisa ser combatida de modo veemente e real !!! É uma página que deve ser lembrada SIM, mas que precisa ser virada. Imaginem se nós brasileiros nos revoltássemos contra o tipo de colonização que tivemos e cobrássemos essa ‘dívida’ de Portugal? Ou se tivéssemos que pagar pelo massacre que impusemos aos nossos vizinhos na Guerra do Paraguai? Ou se a Alemanha impusesse à sua sociedade cotas para Judeus devido ao holocausto? Ou se o Vaticano fosse obrigado a devolver todo o ouro presente em seus cofres oriundos Deus sabe de onde e a que preço? Pensem em todo esse ressentimento!

Quanto à preconceitos, bem, isso é algo a ser analisado minuciosamente e principalmente por nós mesmos. O que são preconceitos? O que são preferências? Quem, no seu íntimo, não tem algum tipo de ‘preconceito’ com algo, mais ou menos importante... Essa é uma guerra a ser travada diariamente sem demagogia já que temos capacidade intelectual e de discernimento, humanos que somos...

sexta-feira, 4 de maio de 2012

ROCK É PEDRA, AMOR É LOVE!


A maioria das pessoas não sabe que para tocarmos em grandes eventos nós tivemos que aprender a produzi-los; Que para lançarmos músicas de qualidade tivemos que aprender a grava-las; Que para divulgarmos belos vídeos tivemos que aprender a edita-los; Que para fazer a coisa acontecer temos que botar a mão na massa! Isso pra não falar de todo o resto...

A maioria das pessoas não sabe o quanto já fomos ‘traídos, enganados, iludidos...’ e que tudo o que conquistamos foi graças ao nosso suor e competência. Seja para compor nossas músicas, seja pra cultivar as amizades certas, seja para elaborar nossas estratégias... Se engana quem pensa que o fato de estarmos atualmente atrelados à uma gravadora nos proporcionou tudo o que tem acontecido... rs.  A maioria das pessoas não sabe o tamanho da nossa solidão, da nossa melancolia... Angústia essa só parcialmente atenuada pelo amor dos fãs, amigos e VITÓRIAS!

A maioria das pessoas não sabe que quando fomos ao ‘Programa do Faustão’ batemos o carro na traseira de um caminhão e por pouco não perdemos as cabeças, literalmente... Não sabe o que aconteceu conosco em 2005, nas prévias do mesmo festival que nos classificou para tocarmos no Pop Rock Brasil no ano seguinte, fato este que nos levou a tomar a decisão de não entrarmos mais nesse tipo de ‘competição’... Não sabe ou não acredita no tamanho da nossa surpresa quando numa bela tarde de janeiro ligamos a TV e ouvimos uma música nossa tocando em uma novela ...

Mas essa ‘dor’ que marca a vida de todo artista por vezes se dissipa quando podemos homenagear nossa cultura com um vídeo que gravamos pelo interior de Minas Gerais de forma despretensiosa e que acabou indo parar na propaganda institucional da TV Globo Minas. A dimensão real disso eu tive quando um amigo nos contatou dizendo ter visto esse vídeo no Panamá através da sucursal internacional da emissora! Essa é a nossa maneira de valorizar nossas raízes! Não com devaneios provincianos idiotas e bairrismo mas com gratidão, orgulho! Com a convicção de que somos de quem nos quer e de onde nos alentam... Ontem, hoje e sempre.

A maioria das pessoas não sabe que nossas mães são nossas costureiras, nossas irmãs e mulheres são nossas estilistas, nossos irmãos se transformaram em nossos empresários, nossos sogros hoje são nossos sócios, nossos parentes são nossos incentivadores e nossos amigos são nosso público!

Ah, o acaso... Me lembro de quando fomos ao estádio do Mineirão, ouvimos uma música que homenageava nosso time de coração e resolvemos grava-la... Deu no que deu! As músicas que o Scarcéus arranjou, produziu e tocou se transformaram em hinos que embalam a torcida de um dos maiores clubes do mundo! Dizem que Deus ajuda a quem trabalha... O fato é que quanto mais trabalhamos mais o ‘acaso’ nos favorece !!!

Devemos ser gratos também aos que nos fecharam portas e nos imputaram injustiças pois estes nos ajudaram na nossa preparação para atuar num mercado tão sórdido e fugaz como o da música... Mas o que nos ‘move é o prazer...’, é a dádiva de fazermos o que sabemos e gostamos!

Aí quando temos a honra de poder ver e ouvir um artista tão relevante em termos mundiais como o Milton Nascimento cantando uma de nossas músicas com aquela voz de anjo e aquela aura magnânima , ‘bate’ a plena certeza que estamos no caminho certo! Pois, em nossa profissão, acima de tudo está a música ! Isso ninguém nos ROUBA! Isso é e sempre será nosso, assim como várias de nossas conquistas ... Nem mesmo os bandidos que nos assaltaram dois dias antes de gravarmos nosso novo DVD! Que o material que eles levaram se espalhe no morro em que se esconderam , que sirva para ‘algo ou alguém’ ou que esse fato tenha algum tipo de efeito cabalístico que signifique a necessidade de rompimento com algo no passado que possa nos prejudicar e que anteceda um novo futuro, um divisor de águas, um recomeço... Essa capacidade de nos reinventarmos e de vermos as coisas boas no meio do caos é mesmo incrível!

Se parasse tudo hoje eu diria que já valeu a pena! Com sobras! As emoções que vivemos ao longo de todos esses anos, as amizades que construímos, os lugares que conhecemos... Tudo foi muito bonito, digno. Talvez sejamos o último suspiro de muitos da nossa geração numa época em que o estilo que nos inspirou parece ter ficado a mercê de um novo ‘milagre’ publicitário já que foi em parte esquecido pela grande mídia e tem sido ignorado pelas ‘massas’...

Meu apogeu emocional, artístico, espiritual se deu num recente final de semana por ocasião da gravação do nosso DVD. Nunca me senti tão repleto num palco como no sábado, 21 de abril de 2012, mesmo dia em que celebramos a memória de um libertário, mineiro como o Scarcéus... Poucos tem ideia de tudo o que passamos para concretizar mais esse sonho. Mas conseguimos, de novo!

Estejamos prontos para o futuro pois nós merecemos MAIS! O clamor do povo do Scarcéus ainda repercute em meus ouvidos em alto e bom som... braços levantados e punhos socando o ar como outro golaço: ‘ROCK É PEDRA, AMOR É LOVE’!!!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Oh, if I catch you...

Há muito não via e ouvia um sucesso musical tão estrondoso. O que não falta agora é gente pra meter o pau no 'pobre' do Teló... Ele, o Michel, só está fazendo o seu trabalho e parece que muito bem por sinal. O cara está ralando há anos e agora está colhendo os frutos do árduo trabalho. Ao menos ele parece ter autonomia pelo seu próprio nome, coisa que alguns artistas do mesmo estilo não possuem. É verdade!!! Tem neguinho que se chama 'Marcelo' e assume o nome artístico de 'Paulo', mas quem de fato tem os direitos sobre o nome 'Paulo' é o empresário... Deu pra entender? Aí se rolar alguma treta eles arrumam um outro 'Paulo' e fica tudo bem! A dupla 'PAULO & CÉSAR' continua bombando por aí... No mais, o sucesso e a visibilidade que alguns alcançam parecem incomodar à muitos outros... Se o que 'MT' diz não é lá muito 'sofisticado', parece que esse tipo de temática é a que mais agrada ao povo em termos gerais. E olha que a música se espalhou pelo mundo inteiro... Palmas pro Michel Teló!

Embora pareça contraditório no que se refere à algumas observações que fiz no parágrafo acima...rs, achei muito mais chato foi ter que aguentar o Neymar pegando carona na 'amizade' com o Teló pra conseguir ainda mais visibilidade. Será necessário??? Neymar é um craque promissor mas se tornou um fenômeno realmente no marketing! Essa avalanche de noticias e mídia sobre o jogador podem causar problemas... Alguém se lembra dos episódios com familiares do Robinho, do Amoroso... As vezes o 'moicano da baixada' me parece afrontoso dentro de campo. Dizem que é coisa da idade... Esse lance de firulas, chutar a bola para um lado e olhar pro outro, não adianta nada e uma andorinha só não faz verão. O jogo é de equipe e estão achando que o Neymar sozinho vai ganhar títulos... No quesito musical/participações especiais, o jovem santista tá mais pra 'Neymala'!

Quer saber? Eu quero mais é que ganhem dinheiro! Dinheiro honesto nunca é demais! O Neymar, o Michel Teló e muitos mais! Até mesmo a Luíza que já voltou do Canadá... Eu também quero ficar rico, rs... (mas talvez demore um pouco!) Quem trabalha muito e tem talento tem mais é que ficar rico mesmo. Quem pensa que esse tipo de coisa é apenas um golpe de sorte não tem idéia de como demora 'fazer sucesso da noite pro dia'... Com exceção da Luíza...rs

Espero que todos tenhamos um ano legal e que possamos ser felizes!

'So, be there as it may'...