sexta-feira, 11 de novembro de 2016

SEM HERÓIS



Trump, Putin e a possível futura presidente da França, Marine Le Pen, tem em comum um discurso radical baseado na proteção dos interesses de seus países. Estariam errados?

Al-Qaeda, Estado Islâmico, Boko Haram, são organizações terroristas com ações baseadas em suas filosofias e crenças. IRA, ETA, FARC, embora sejam grupos respaldados pelos nichos em que surgiram e radicados no mundo ocidental, também são tidos como facções terroristas. Em tese, lutam pelo que acreditam. Estariam errados?

Agrupamentos político-ideológicos, em diversas partes do planeta, sequestram, pilham, vandalizam e matam em nome de uma utópica melhor condição de vida para os que dizem representar. Estariam errados?

O certo e o errado, em inúmeras situações, é questão de ponto de vista.

O mundo acompanha atônito um novo êxodo direcionado à parte mais desenvolvida da Europa e teme uma futura deportação em massa dos imigrantes ilegais nos EUA. Esse mesmo mundo ainda abriga conflitos milenares no oriente médio e se constrange com o caos instalado há vários séculos no continente africano.

Uma sensação estranha atormenta. Algo nos leva a crer que mundo atual esteja fora do eixo, mas a indagação que vem à tona é se esse eixo algum dia existiu.

Este foi um ano eleitoral importante nos mais recônditos lugares. É perceptível e curioso o fato de que os novos eleitos, seja ele o presidente dos Estados Unidos ou o prefeito de Conselheiro Lafaiete/MG, tiveram muito em comum nos seus discursos: Mudança, emprego, crescimento, proteção do território, saúde, educação... Aliás, essas são temáticas clichês predominantes em todas as campanhas eleitorais, recorrentes nas mais variadas vertentes políticas.

O que chega a ser engraçado, para não dizer patético, é que sempre após o pleito, todos, tanto lá quanto cá e acolá, afrouxam o tom e dizem que o que foi dito não era bem daquele jeito e que o que na campanha parecia ser factível passa a ser árdua tarefa, como um truque mandrakiano ao avesso.  

Em política, o importante é vencer. Do jeito que der. É o poder pelo poder.

Falando de Brasil, não existe solução a curto prazo, nem milagres. Fará muito quem conseguir realizar o básico, sendo austero em sua administração e não transferir às próximas gerações a conta por devaneios politiqueiros irresponsáveis.

Ao constatarmos que vários dos escolhidos para comandar nossas cidades, estados e nações fundamentaram suas propostas em populismo, simplismo, mentiras, hipocrisia; ou são fantoches de oligarquias, demagogos ligados à clubes de futebol, fanáticos religiosos, estrelas midiáticas ocas; ou são ex-condenados por crimes de toda ordem, corruptos, enfim, quando os eleitos são pessoas com esse DNA, precisamos considerar que a humanidade talvez tenha dado alguns passos para trás.

Ainda não se pode cravar que o Fator Trump seja um mal a ser temido. Seria incorreto nominá-lo como o demônio da moda, até porque ele ainda nem começou seu legado presidencial.  O problema é maior, muito maior.

A discórdia é endêmica e universal. De tempos em tempos somos acometidos por tsunamis sociais, terremotos políticos, pragas bélicas e isso parece não ter fim. Cada povo com seus karmas, de maior ou menor relevância, mas ninguém escapa. Estamos andando em círculos.

A sensação de desalento vai perdurando, era após era.

Talvez devamos correr para as colinas, abraçar os nossos, desligar os celulares e esperar por uma intervenção divina... Ou quem sabe por algum desses bolsonaros da vida.

Não há nenhum lugar seguro agora.