O ROYAL BLOOD provou que o Rock in Rio ainda pode ser inovador e surpreender as pessoas. Mas desse duo britânico vou falar mais adiante.
O caráter de realeza do festival já estava previsto desde o anúncio do QUEEN na noite de abertura e foi emocionante ouvir todas aquelas músicas grandiosas, mesmo tendo sido cantadas por outra voz... E que voz! O misógino Adam Lambert pode até ser meio inadequado ao rock, e digo isso após ter ouvido um single recém-lançado do cantor, mas o talento e o magnetismo do cara são inquestionáveis. Nem precisava ser tão belo...
SYSTEM OF A DOWN e METALLICA também reinaram, como de costume. Esses dois ícones do heavy fizeram ecoar nos trópicos alguns dos maiores hits do gênero, tanto antigos no caso do Metallica, quanto novos no caso do SOAD. Simplesmente sensacionais. Queens of the Stone Age, outra banda com denominação nobre, produziu um som impecável e não consegui me desgrudar da TV. Motley Crue também não decepcionou, em que pese terem usado duas ‘backing vocals’ coreografadas no melhor estilo ‘É o Tchan’.
Com sua energia avassaladora e visual perturbador, o SLIPKNOT me causa a impressão de estar forçando a barra com esse lance de rock horror. O exagero torna esse contexto meio bobo. Corey Taylor continua mandando bem, mas o show foi mais caótico do que consigo compreender. Faith no More, que eu estava muito afim de ver, foi chato.
Outra nota destoante foi aquele monte de ‘canjas’ avacalhadas e mal executadas protagonizadas por vários figurões da música brasileira e internacional. Deviam ao menos ensaiar, pois alguns números foram constrangedores. Para salvar a pele dos brazucas, Lulu Santos mostrou sua habitual competência e a blasfêmia de levar o Mr. Catra ao palco mundo foi, de certa forma, minimizada.
A velha e a nova guarda do pop foram bem representadas por Elton John, Rod Stewart e Sam Smith. Achei mais legal a Baby Consuelo cantando do que Katy Perry e Rihanna. Aliás, apesar do sucesso comercial que essas divas pop trazem ao evento, acho essa onda fake ao extremo.
Vou falar agora de boas surpresas começando pelo MAGIC! Essa banda de reggae pop canadense, que ninguém dava muito por ela, foi perfeita ao vivo. Ótimas músicas, ótimos músicos e uma pegada moderna contagiante, que soa digerível, mas que também remete ao The Police em vários momentos. Curti.
Mas bom mesmo foi o ROYAL BLOOD. Muito doido o show dos caras. Confesso que nunca tinha ouvido falar e quando vi uns meninos entrando em cena pensei: Lá vem outro White Stripes cult... Ledo engano. A dupla, embora aparente ter a influência do Jack White em seu som, faz riffs que lembram mais o Black Sabath nos áureos tempos. Para quem gosta de comparar, senti alguma coisa de Muse no som deles, mas indo em outra direção. O vocalista e baixista Mike Kerr usa efeitos e toca de uma maneira tal que torna dispensável o uso de um guitarrista na banda... O baterista Ben Thatcher funciona como um reloginho e espanca seu instrumento sem dó. Os garotos impuseram seu som para milhares de pessoas e mostraram aos que tem o rock como estilo em decadência que a coisa não é bem assim...
Aliás, mesmo com essa realidade mercadológica musical catastrófica no Brasil, o Rock in Rio bombou. De novo. Assim como sempre bombam outros festivais bem organizados como o Lollapalooza, Monsters of Rock e afins...
Sempre quando algum artista de outro gênero ou mesmo celebridades de segmentos distintos querem ‘melhorar’ sua imagem, eles recorrem ao imaginário rockeiro com tatuagens mirabolantes, roupas que insinuam atitude e sex apeall... Curioso isso.
O rock não ‘santifica’ ninguém. Aliás, muito pelo contrário. Mas, clichês à parte, recorro a um ditado popular bastante adequado para o momento:
‘QUEM FOI REI NUNCA PERDE A MAJESTADE!’
Vida longa ao Rock in Rio! VIVA O ROCK!