quarta-feira, 1 de abril de 2015

NUMA BELA MANHÃ QUALQUER

Numa bela manhã qualquer, você vai pegar um voo de Barcelona para Düsseldorf. Você está feliz e afasta aquela ideia que sempre vem à cabeça quando pisa num aeroporto: “Será que essa merda vai cair comigo dentro?”

Você está a trabalho, ou a passeio, ou numa excursão, ou vai curtir algum show bacana, não importa. Você entra no avião, é cumprimentado pela tripulação com aqueles sorrisos formais e uma simpatia meio artificial, mas faz parte. Qual o problema?

Você vai voar numa companhia alemã, robusta e organizada, mas ainda assim, quando assume o assento e afivela o cinto de segurança, aquela ideia volta a te rondar e você questiona a tecnologia pensando: “Como um bicho desse tamanho pesando toneladas pode se sustentar no ar?”

O avião decola. Pela janela você vê a Europa de cima. Toda cultura, toda história, o mundo foi pensado ali. Lá embaixo aqueles vilarejos bucólicos e os alpes franceses se apresentam como uma dádiva da natureza. Tudo parece bem e sua vida volta a fazer sentido por uns breves momentos. Você tem planos.

Você talvez seja músico e por vezes já pensou: ”E se um dia algum maluco resolver me dar um tiro em cima do palco?” Mas, essa possibilidade é tão remota quanto um avião despencar do céu. Seria quase um prêmio de loteria às avessas. Você repudia aquela ideia novamente.

De repente, você percebe que alguma coisa pode não estar certa... Pelo monitor a sua frente você constata que a altitude da aeronave começa a diminuir vertiginosamente. Você indaga: “Por que estariam batendo na porta da cabine do piloto e gritando dessa forma?”

À sua volta, olhares atônitos cruzam o seu. Você conclui o que está acontecendo.

Em outras ocasiões você já tinha conjecturado se os pilotos do avião em que estava tinham dormido bem, ou se estavam em paz com seus ‘demônios’. Afinal, ali em cima você não tem muita escolha. Nem saída.

Tudo vem à tona nos momentos finais.

Você pensa na sua família, naquela música, em tudo que poderia ter sido e não foi.

Após uma pequena prece e com uma lágrima brotando do olho esquerdo, você chega às suas três últimas conclusões nessa vida:

“Que porra de mundo insano é esse em que vivi!”
“Todos estamos nas mãos de malucos de toda ordem”.
“Hoje não foi meu dia de sorte”.

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