Deu errado, admitamos. O Brasil, desde a sua fundação, é um
equívoco.
Refugiamo-nos em pequenas ilhas de bonança, mas
vivemos acossados por oceanos gigantescos de tempestade. Sempre assim, há
tempos.
Devemos considerar a hipótese de que o problema, em geral, é a raça
humana. Mas, no mesmo planeta, existem brasis, dinamarcas, sírias,
coréias e haitis diversos. Então, talvez tenhamos de reconhecer que
alguns de nós, humanos, são mais capazes que outros. Ainda assim, a conta não
fecha. Literalmente. Afinal, estamos vagando, juntos, universo afora.
Embora aparentemente não resolva, que tal nos aventurar a pensar
livremente por alguns breves instantes?
Se conseguirmos expandir nossa capacidade de observação, vamos encontrar
semelhanças curiosas entre alguns espécimes muito em voga atualmente:
políticos, jihadistas, mega empreendedores... São ousados, sagazes, frios... Se
forçarmos a barra um pouquinho, nossa amostragem aumenta. Certamente, poderíamos
até nos reconhecer nesse balaio de gato. Mas, devido ao vício endêmico que
temos em tirar o nosso da reta, sugiro nos ater inicialmente aos
‘escolhidos’. Pau neles.
Em algum momento da história e fazendo esforço para
analisar o cenário pelo lado bom, os citados tentaram fazer a diferença. Com
sua ideologia, energia, ufanismo, perseverança e munidos de outros adjetivos,
houve um tempo em que essa turma quis mudar o mundo para melhor. Cada um a seu
modo, óbvio. Alguns passos, reconheçamos, foram dados rumo a um norte positivo.
Afinal, não existe nada de errado em buscar uma sociedade mais justa,
equilíbrio espiritual ou desenvolvimento (com sustentabilidade). Num dia remoto
de um novembro qualquer existiram boas intenções. Mas nessa equação habita um
fator que sempre subverte resultados... O bicho-homem!
Alguns foram ficando ricos, outros pobres. Causas
foram ficando mais particulares que plurais. Alguns deram sorte, milhares
tiveram azar. Vieram as insatisfações e interesses diversos. Em suma,
onde existe a tríade macabra formada por ‘homem, dinheiro e poder’, existem
problemas. Indissolúveis. Lamento.
Eles não vão sossegar enquanto não destruírem tudo.
É o instinto humano.
Mas eis que surge a pergunta tão sutil quanto um murro no queixo: quem faria
diferente mediante as mesmas provações e conjunturas?
Não se ofendam, meus caros, mas quase ninguém é inocente. Tamanha
estupefação é hipocrisia. Via de regra, tanto o Brasil quanto o mundo funcionam
dessa forma desde que se tem notícia. Onde todos estávamos até agora?
Quem nunca votou naquele que ‘rouba, mas faz’? Quem nunca foi
preconceituoso e radical? Quem nunca quis usufruir dos benefícios de uma grande
empresa por perto (mas não no próprio quintal)? Quem nunca?
Contradições.
Nossa velha ganância está cobrando seu preço. Nosso secular
egoísmo nos cegou. Nosso tradicional jeitinho é uma farsa. Jeitinho nojento.
O furor da mídia e as hashtags passam. O que fica?
Ficam corpos sedimentados não encontrados nas encostas de rios mortos.
Ficam meras lembranças de corpos destroçados pelo terror em ruas
iluminadas.
Ficam corpos moribundos em macas improvisadas.
Ficam os corpos. Lá e cá.
Desolação.
Também não existe conclusão, pois cada um tem seus motivos, com o perdão
do lugar comum. Até daria para suspeitar que uma mudança seria possível a
partir do nosso âmago, mas é demais custoso para o momento admitir nossa porção
de culpa. Será que conseguiremos fazer algo além de selfies e desabafos?
Que país é esse? Que mundo é esse em que vivemos? Quem somos?
Parece que restaram algumas frases visionárias apropriadas para o
momento... Quem dera músicas bastassem para aliviar a alma.
Da lama ao caos, do caos à lama.
Muitas questões, meu velho!
ResponderExcluirPoucos, ou quase ninguém responde... Mas espero que estejamos caminhando pras respostas...
Verdade... Acho que acabamos falando pra nós mesmos.
ExcluirVerdade... Acho que acabamos falando pra nós mesmos.
Excluiràs vezes até parece, mas, de qualquer forma, acho que essa dialética sempre provoca o pensamento de pelo menos uma outra pessoa. enfim, continuemos!!!
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